Com localização privilegiada no centro do Corredor Cultural de Natal, o Instituto Câmara Cascudo foi residência por quase 40 anos do ilustre escritor, historiador e folclorista potiguar, Luís da Câmara Cascudo. A imponente residência eclética foi construída no início do século XX e sua arquitetura recebeu grande influência dos chalés europeus. Por pertencer à Cascudo, a edificação foi palco do desenvolvimento do cenário cultural potiguar do século XX, recebendo alí diversas personalidades e intelectuais brasileiros. Devido à sua importância histórica, cultural e arquitetônica, a residência foi tombada a nível estadual em 1990 e desde de 2010 abriga o Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, um belíssimo memorial ao escritor aberto à visitação pública, que tem como objetivo "preservar a memória e dignificar a cultura". Em razão desta enorme importância para o Rio Grande do Norte, o Instituto Câmara Cascudo é o tema de hoje da Quinta Potiguar.
A edificação foi construída em 1900 na então denominada Rua Junqueira Aires, principal elo de ligação entre os bairros de Cidade Alta e Ribeira. O proprietário era o industrial Sr. Afonso Saraiva de Albuquerque Maranhão que a construiu com o objetivo de servir como residência familiar. Dez anos após sua construção, a residência foi vendida para o Desembargador Dr. José Teotônio Feire, sogro do brilhante historiador e folclorista potiguar, Luís da Câmara Cascudo. Anos mais tarde, após a morte do desembargador, Cascudo comprou de sua sogra a edificação onde passou a morar com sua família. O brilhante intelectual potiguar viveu no local a partir do ano de 1947 até sua morte em 1986 e por quase 40 anos, fez com que a residência fosse palco de grandes encontros de intelectuais e personalidades, "[...] como Gilberto Freyre, Juscelino Kubitschek, Assis Chateaubriand e Ari Barroso." (Costa, Amaral, 2014). É possível até hoje encontrar as assinaturas desses ilustres visitantes em um dos principais cômodos da residência, carinhosamente chamado de 'Babilônia' por Cascudo, pois lá era possível encontrar um vasto acervo de livros particular do escritor, que utilizava o espaço como local de trabalho e reuniões.
Em 17 de fevereiro de 1990, a edificação foi tombada a nível estadual, sendo considerada oficialmente um Patrimônio Histórico potiguar. Após a morte do escritor, seu acervo foi levado ao Museu Câmara Cascudo e a residência continuou sendo propriedade da família Cascudo. Em 2005, a edificação encontrava-se com sua estrutura comprometida devido à uma infestação de cupim no telhado e diante deste cenário, a filha do escritor, Anna Maria Cascudo Barreto, decidiu fazer uma criteriosa restauração realizada com recursos próprios. Em 2010, a edificação foi aberta à visitação pública abrigando o Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, onde é possível, até os dias atuais, encontrar alí objetos pessoais do escritor, móveis e utensílios originais da residência, além do vasto acervo de livros do potiguar, que retornou à edificação após a abertura do Instituto. Atualmente, o Ludovicus também é administrado por sua neta, Daliana e como o próprio slogan já diz, o instituto encontra-se fazendo um belíssimo papel para nossa sociedade "preservando a história e dignificando a cultura" (Ludovicus, 2021). Para saber mais sobre o ilustríssimo Câmara Cascudo e o Instituto Ludovicus, sugerimos que acesse o site deles aqui e agende uma visita, a edificação encontra-se aberta à visitação pública através de agendamento prévio devido as das restrições de segurança por causa da pandemia.
Quanto à arquitetura a edificação possui o estilo eclético, que era caracterizado pela volta e mistura de estilos arquitetônicos do passado. O ecletismo se popularizou no Rio grande do Norte entre o final do século XIX e início do século XX, onde representava modernidade e desenvolvimento da região que havia recentemente se tornado republicana. A atual Av. Câmara Cascudo, onde está localizado o Instituto, possui diversos exemplares deste estilo, como a Antiga Sede do Jornal "A republica", o Solar Bela Vista e a Prefeitura do Natal. Por ter sido construída em 1900, a Casa de Câmara Cascudo também seguiu o estilo eclético, sendo particularmente influenciada pelo estilo neoclássico dos Chalés Europeus. Por causa disso, podemos destacar nesta edificação os seguintes elementos ecléticos: simetria, recuo lateral ajardinado, entrada lateral com grande escadaria de acesso, varanda lateral, edificação elevada em relação à rua, guarda corpo em ferro fundido, esquadrias grandes e retas de madeira e vidro, telhado de duas águas com queda para as laterais, formando assim um frontão triangular com óculo ao centro, telhas francesas, cornija e beirais com acabamento em lambrequins e forro de madeira.
Em suma, a edificação é um belíssimo exemplar da arquitetura eclética potiguar que felizmente encontra-se em ótimo estado de preservação e conservação. Porém, sua importância histórica e cultural vai muito além da arquitetura, devido a edificação ter sido palco do principal cenário cultural potiguar do século XX, servindo por décadas de residência e local de trabalho para o ilustríssimo historiador, escritor e folclorista potiguar Câmara Cascudo, além de atualmente abrigar o Instituto Câmara Cascudo que continua disseminando conhecimento, história e cultura para a população do RN. Esta edificação precisa continuar sendo preservada, valorizada e visitada! NÓS PRECISAMOS PRESERVAR NOSSO PATRIMÔNIO!
Fontes:
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO - SEMURB. Natal: história, cultura e turismo. Natal: SEMURB, 2008. 200 p.
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO - SEMURB. Circuito Cultural Natal: Cidade Alta - Ribeira. Natal: SEMURB, 2010. 32 p.
COSTA, Andréa; AMARAL, Patrícia. Centro Histórico de Natal: guia para turistas e moradores. Natal: IFRN, 2014. 61 p.
NESI, Jeanne Fonseca Leite. Caminhos de Natal. 2. ed. Natal: IPHAN, 2020. 125 p.
LUDOVICUS. Histórico. Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo: Preservando a Memória e Dignificando a Cultura, Natal, s.d. Disponível em: http://www.cascudo.org.br/casa/historico . Acesso em: 02 ago. 2021.
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