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Foto do escritorJúlia Chaves

Igreja Nossa Senhora do Ó


Localizada no Seridó Potiguar, a cidade de Serra Negra do Norte abriga um dos mais antigos e bem preservados exemplares da arquitetura colonial potiguar. Considerada uma das mais belas igrejas do Rio Grande do Norte, a edificação foi construída no final do século XVIII para substituir a primeira capela do Seridó que havia sido demolida e também estava localizada em Serra Negra, sendo sua data de construção 1735! A atual Igreja Matriz foi projetada, construída e decorada por artistas especializados vindos diretamente de Portugal. Atualmente, a Igreja Matriz e o belíssimo centro histórico da cidade atraem vários visitantes para a região. Em homenagem aos 240 anos de riquíssima história deste patrimônio arquitetônico do Rio Grande do Norte, a Igreja Nossa Senhora do Ó é o tema desta semana do nosso Quinta Potiguar.

A primeira capela de região do Seridó foi construída, na região que hoje conhecemos como município de Serra Negra, em 24 de Agosto de 1735. Dedicada à Nossa Senhora do Ó, a capela foi construída por iniciativa do 5º proprietário de uma vasta extensão de terra ao sul do rio Apodi, o senhor Manoel Pereira Monteiro e seus filhos. Acredita-se que o sr. Pereira Monteiro visava, com a construção do templo, impulsionar o crescimento do povoado que neste período começava a se formar em suas terras, próximo ao Rio Espinharas. Nos anos posteriores, o filho do Sr. Pereira Monteiro, por ser muito religioso, doou todo seu patrimônio construído á Igreja, o que resultou, em 1774, na demolição da capela e a iniciativa de construir um novo templo "[...] com bases mais sólidas" (IPatrimônio, s.d.) e em melhor terreno. Para esta missão, foram contratados dois artistas especializados vindos diretamente de Portugal, João Isidoro e Tomaz de Aquino, que tinham como objetivo de projetar, construir e decorar a nova igreja. Em 1781, a belíssima igreja que vemos hoje em estilo colonial com grande influência do estilo barroco foi inaugurada, porém, apenas 77 anos após sua inauguração, a igreja foi elevada a Paróquia, sendo assim nomeada Igreja Matriz. Em 1874, Serra Negra do Norte tornou-se independente administrativamente de Caicó, porém em 1932 foi novamente anexada, desta vez, à São João do Sabugi. Em 1935, Serra Negra voltou a ser independente, o que resultou no seu reconhecimento como cidade em 29 de março de 1938. Em 2020, por iniciativa do Governo do Estado e da Diocese de Caicó, o altar da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó foi completamente restaurado e as obras foram concluídas em abril de 2021. Atualmente, encontra-se aberta à visitação pública gratuita durante a semana, sem a necessidade de agendamento ou guia. A Igreja Matriz, junto com um belíssimo conjunto de casas coloniais históricas, são os grandes atrativos da cidade, que recebe diversos visitantes todos os anos. É possível encontrar no interior do templo "[...] um acervo composto por esculturas, pinturas, lustres, mobiliário, documentação e demais parâmetros religiosos que ajudam a contar um pouco da história do local" (Inventário Turístico, 2018 in SEBRAE/RN s.d.).


Fachada Igreja N. Sra. do Ó em Serra Negra do Norte - Fonte: Alboom

Quanto à arquitetura, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó é um típico exemplar da arquitetura religiosa colonial, possuindo em seus traços, grande influência do estilo barroco. Outro exemplar potiguar deste mesmo período, que também possui o mesmo estilo, é a Igreja do Galo, em Natal, nós já falamos aqui no Quinta Potiguar. Desta forma, podemos destacar a simetria da edificação; o uso da pedra e cal como materiais utilizados na construção; a predominância de linhas retas; a presença de duas torres decoradas com pináculos, sendo uma delas sineira; frontão triangular com bordas orgânicas e volutes; quantidade ímpar de vãos; janelas retas na altura do coro; portas retas no andar inferior com vergas em arco abatido; e esquadrias em madeira.

Elementos Arquitetônicos - Fonte: editado pela autora

Em suma, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, é um dos exemplares mais antigos e bem preservados do patrimônio histórico potiguar. Felizmente, seus belíssimos traços arquitetônicos originais sobreviveram aos 240 anos de história da edificação e tudo isso, graças as ações de conservação deste monumento por meio da população. É este o caminho que devemos continuar seguindo, nós precisamos continuar valorizando e preservando nossa arquitetura, pois estes monumentos contam em seus traços a nossa riquíssima história. VAMOS PRESERVAR NOSSO PATRIMÔNIO!

 


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