
Detentor de uma das mais belas vistas de Natal e importante exemplar da arquitetura neoclássica no Rio Grande do Norte, o Centro de Turismo é um belíssimo patrimônio arquitetônico potiguar. Com a finalidade de ser uma casa de veraneio, foi construído no final do século XIX no recém projetado bairro de Petrópolis e por causa de sua localização e arquitetura passou a simbolizar um novo momento na história do Rio Grande do Norte, agora republicano, marcado por grande modernização, vanguarda e expansão. Ao longo do tempo, seu uso foi diversas vezes modificado, tendo sido asilo, orfanato, área de segurança militar e casa de detenção até se tornar o Centro de Turismo que conhecemos hoje. Felizmente, a edificação foi tombada em 11 de Agosto de 1988, quando já era utilizada como Centro de Turismo. Desta forma, seus belíssimos traços arquitetônicos originais foram conservados e atualmente a edificação continua sendo utilizada pela população e visitada por milhares de turistas todos os anos. Por causa desta história riquíssima, o Centro de Turismo é o tema da nossa Quinta Potiguar desta semana.
Através de sua arquitetura neoclássica, estudiosos acreditam que o Centro de Turismo foi construído no final do século XIX. Infelizmente não existe documentação sobre a data de sua construção exata ou quem foi o arquiteto responsável. Contudo, é certo que a edificação foi inicialmente construída com o proposito de ser residência de veraneio do Sr. Pio Barreto e já no ano de 1911, de acordo com a escritora Maria de Fátima Medeiros (1999), o prédio "[...] foi ampliado e passou a abrigar o Asilo de Mendicidade Padre João Maria, criado pelo então Governador Alberto Maranhão." É importante lembrar que neste período o bairro de Petrópolis, com seu traçado recentemente desenhado, estava começando a ser povoado. Esta expansão e surgimento da Arquitetura Eclética marcou um novo período para a história do Rio Grande do Norte, pois trouxe ares de modernidade compatíveis com o novo período político brasileiro, a república. Entre 1920 e 1943, a edificação funcionou como Orfanato Padre João Maria, também em homenagem ao aclamado Padre potiguar, do qual falamos nos textos sobre a Casa Pe. João Maria e A Antiga Catedral.

Na sequência, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, Natal serviu como base militar para os Aliados e o prédio do Centro Cultural foi utilizado como área de segurança militar. Logo ao fim da Segunda Guerra, em 1945, a edificação teve seu uso novamente modificado, passando a abrigar a Casa de Detenção de Natal. Segundo relatos, as condições das instalações da detenção eram péssimas e a edificação passou a ser considerada "[...] uma das piores prisões do país." (Medeiros, 1999) No ano de 1969, a casa de detenção foi transferida para outra edificação, a Colônia Penal Doutor João Chaves, em homenagem ao potiguar mestre do direito penal, no qual falamos mais detalhadamente no texto Solar Ferreiro Torto. Desde então a edificação está sob a administração da Empresa Potiguar de Promoção Turística (EMPROTURN), que a restaurou, e em 1979 se tornou o Centro de Turismo de Natal. Por causa de sua importância histórica, a edificação foi tombada em 1988 no âmbito estadual e até os dias atuais encontra-se conservada e em funcionamento, destacando-se por oferecer serviços tipicamente potiguares para o turista, como a venda de artesanato através de 42 lojas, galeria de arte, memorial sobre a história da edificação, restaurante, lanchonete e o espaço destinado ao tradicional evento Forró Com Turista.
Analisando a sua arquitetura, a edificação apresenta predominantemente traços arquitetônicos típicos do estilo neoclássico. Este estilo arquitetônico fez parte do grande movimento chamado Arquitetura Eclética, caracterizado pelo resgate de estilos arquitetônicos do passado com o objetivo de criar uma nova linguagem arquitetônica. Entre os elementos neoclássicos do Centro de Turismo, podemos destacar a fachada e a planta-baixa simétricas, geométricas e retangulares, o uso de elementos de decoração com técnicas avançadas no pórtico de entrada, a presença de colunas em relevo, o uso de frontão curvo e moldura da porta principal em arco pleno, além da presença de platibanda por toda a extensão da edificação. Uma curiosidade interessante sobre a edificação é a preservação das grades de ferro da antiga prisão nas janelas da edificação até os dias atuais.

Portanto, o Centro de Turismo é um belo exemplo de preservação e conservação de edificações históricas, pois em seus mais de 100 anos, continua servindo à população ao mesmo tempo que mantém suas características arquitetônicas originais. Felizmente, em virtude deste cuidado com o monumento, a edificação continua sendo uma prova concreta de um período chave para a Cidade de Natal e o RN, um período de expansão e modernidade no novo Brasil República . PRECISAMOS PRESERVAR NOSSO PATRIMÔNIO!
Fontes:
Livros:
MEDEIROS, Maria de Fátima. Natal: patrimônio histórico e cultural. Natal/RN: Fuly Editora, 1999. 133 p
ONOFRE JUNIOR, Manoel. Breviário da Cidade do Natal. 2. ed. Natal: Clima, 1984. 147 p.
Sites:
FORRÓ COM TURISTA. CENTRO DE TURISMO. Forró Com Turista, Natal. Disponível em: https://forrocomturista.com.br/centro-de-turismo . Acesso em: 04 maio 2021.
G1 RN. De cadeia a patrimônio cultural, centro turístico de Natal completa 30 anos: casarão abriga lojas de artesanato e uma galeria de arte. nas noites de quinta-feira acontece o tradicional "forró com turista". G1 RN, Natal, 27 jan. 2017. Disponível em: http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2017/01/de-cadeia-patrimonio-cultural-centro-turistico-de-natal-completa-30-anos.html . Acesso em: 04 maio 2021.
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